domingo, 7 de junho de 2009

Tristeza infinita IV

Claro que não dormi. Dormitei e pesadelei. O carro ia passar pra me pegar às 9h para seguirmos pro cemitério em Sulacap. Levantei às 7h30, já que não dormia mesmo. Pelo jeito, o motorista também não, pois chegou às 8h50. Pegamos Mendonça e fomos. Engarrafamento. Chegamos lá às 10h30. O corpo ainda não tinha chegado. O Alex já tava lá desde antes das 10h, além do avô.

Fomos resolver a parte burocrática e depois esperar as pessoas chegarem. Vieram os amigos do Cachambi e os de São João de Meriti, os amigos do futebol, os amigos da repartição. Veio muita gente. Meu cunhado e minha irmã estavam acabados.

No dia anterior eu segurei bem, chorei discretamente, só desabei de chorar quando estava sozinha em casa. Quase sempre eu seguro a onda. Mas lá no cemitério, quando vi minha irmã chorando, quando abracei minha irmã não segurei mais. Chorei até não ter mais lágrimas. Devia ter me drogado antes de sair de casa. As pessoas tentavam me convencer de sei lá o que, mas nada adiantava. Quanto mais eu via a família chorar, mais desconsolada ficava.

Depois do enterro, perguntei a Mendonça "Vamos almoçar e encher a cara?". "Que mais nos resta", ele respondeu. Nem almoçamos, só bebemos. Quando cheguei em casa, depois das 22h, chorei como nunca tinha chorado. Quando não aguentava mais chorar, liguei para única pessoa no mundo que sabe me consolar, que sabe me acalmar. Nos momnentos difíceis, quando estou desesperada, sempre ligo para ele. Ele diz sempre "Calma menina bonita, tudo vai ficar bem". Pronto, basta. Ele nunca mentiu para mim e se está dizendo que tudo vai ficar bem é porque vai ficar. Eu me acalmo e paro de chorar. Celular desligado. Tomei um rivotril e deitei. Lá pra uma da manhã, ele ligou o celular e viu minhas ligações perdidas. Perguntou se eu queria que ele fosse pra minha casa, tentou me consolar. Eu tava chapada e nem falava coisa com coisa. Agradeci, mas disse que não precisava, eu ia dormir. Chapei.

Acordei ao meio-dia de domingo e decidi que não queria ir a lugar nenhum nem ver ninguém. Saí pra andar na rua e voltei. Comi uma lasanha congelada e chorei depois de cada vez que minha irmã ligou. Ela queria que eu fosse almoçar com ela, mas se fosse ia chorar mais ainda. Preferi ficar em casa.

Nem sei porque escrevi isso tudo. Acho que precisava contar, mas como não quero falar com ninguém, escrevi. O blog não tenta me consolar, não me diz que blábláblá. Não quero ouvir ninguém. Não quero falar com ninguém. Quero ficar sozinha.

2 comentários:

Eugenia disse...

...

Leandro disse...

Vc escreve muito bem... Chega transmitir que é "dor, a dor que deveras sente".Escrever é melhor que falar... sempre!