terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Da sordidez humana

Como vocês sabem, resido no Centro da cidade. Ao contrário do que julgam alguns palhaços, é um bom ponto. No entanto, há alguns inconvenientes. Entre os mais impactantes está a escassez de supermercados. Quer dizer, de supermercados decentes. Tem a Sendas, que é pequena e sujinha, mas me conquistou, e o Mundial, que é grande e sórdido e me causa repúdio. Claro, não conto o SupermMarket nem o Rede Economia, porque lá guerra é guerra.

Pois bem. Fui comprar víveres de Ano Novo, mas a seção de bebidas da Sendas é caííída. Me resignei em enfrentar o Mundial no dia seguinte. Sabe, sou uma mulher otimista, brasileira que não desiste nunca. Acredito que o mundo é estranho, mas é legal, e que gente é a melhor coisa que existe porque se reinventa todos os dias. Ahã. Tudo isso é lindo, menos no Mundial. Cada vez que vou lá constato como o "ser humano" pode ser sórdido e pérfido.

Mal alcancei a entrada, depois de quase ser atropelada no estacionamento, vi uma mulher tirar o bebê daquele suporte-pra-bebê-que-não-sei-o-nome no carrinho de compras e, simplesmente, empurrar o carrinho na direção dos carros estacionados! Uma pobre de cristo de uma funcionária saiu correndo atrás, antes que arranhasse algum veículo. Respirei fundo e entrei. Melhor não respirar tão fundo: fede. Por que será que os freqüentadores do Mundial fedem tanto? Custa lavar o suvaco antes de ir às compras? 

Enfim. Tô eu lá, ridícula, segurando o carrinho com uma mão, pois sei que a galera não se dá ao trabalho de pegar um carrinho na entrada e rouba de alguma incauto, apertando minha bolsa com o braço, pra não baterem minha carteira ou levarem meu lindo celular Nokia N95, e brigando pra pegar as coisas nas prateleiras com a outra mão. Realizou a cena? Pois é. Indigna. Pois tô eu nesta situação quando uma dupla de mulheres muito feias simplesmente dão um tranco no meu carrinho pra chegarem na prateleira em frente. Custava pedir licença? ok, fodam-se, suas kombis capotadas. 

Sigo eu, entoando o mantra "clientes assíduos do Mundial fedem porque comem cocô e vão ter hemorróidas. Eu sou linda e cheirosa e só venho aqui duas vezes por ano" quando me vejo presa em um engarrafamento de carrinhos. De repente sinto uma dor aguda. Algum filho-da-puta enfiou o carrinho no meu calcanhar. Olho pra trás e tá um velhote semi-podre com sorriso sádico "Anda logo, minha filha. Sai da frente". Caralho, velho-podre, como vou sair se tem um milhão de carrinhos na minha frente? Isso eu pensei, me limitei a resmungar "Velho-podre-filho-da-puta".

Me desvencilho do engarrafamento e alcanço a tão almejada seção de bebidas. Dúvida na escolha do espumante. Ligo para O Orientador e Mãe Camila. Nenhum dos dois atende. Como o que bebi na ceia de Mãe Camila e tava bom e saio. Hmm.... já que tô aqui vou comprar uma bananinha. Tô sentindo falta de uma frutinha. Me distraio escolhendo uma penca com poucas bananas, afinal sou moça solteira,  e, quando olho, tá um outro velho-podre-dos-infernos inspecionando meu carrinho pra ver se queria alguma coisa. Os clientes do Mundial também têm o hábito de simplesmente pegar as coisas do carrinho dos outros. Pra que eu vou procurar um item, ir à prateleira, se essa otária já pegou? Chego rosnando com minhas quatro bananinhas quase madurinhas e o velhote vaza.

Ainda bem que eu precisava de poucos itens. A batalha era tão feroz que acabei esquecendo de comprar pão-de-forma e queijo, mas ninguém morre de comer bisnaguinha com requeijão um dia: eu sobrevivo sem meu queijinho quente da saúde matinal. Felizmente, pretendo me mudar depois do carnaval e nunca mais pisar em um Mundial.

Um comentário:

claudia disse...

demais!! aposto q é funcionaria,publica. é talentosa demais da peste! to amando ler seus artigos. gargalhando na sala, quero ser sua amiga mas moro em sp, nao vai dar...q pena!!!!!