segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Fragmentos impagáveis

* Todos apinhados vendo os fogos das tendas na beira do mar. Olho pro lado e Nara está de pé sobre um pufe embaixo de uma árvore pulando sorridente.

* Descobri ontem que sou um talento para dar laços. Se precisar de um laço aí é só me chamar, dei laço na roupa das cálega tudo.

* Nós animadíssimas porque tínhamos descolado dois pratões de doguinhos, que na verdade eram uns hamburguinhos. Descobrimos também que, enquanto eu sou um azougue pra furar a fila do bar pra pegar champanhota, Nara é uma potência pra pegar doguinhos. Ficar em fila pra pegar ceia que nada! O negócio é se empanturrar de doguinhos. Fernanda, contentíssima lá pelo quarto doguinho, sentencia: agora tô feliz, enchi o cu de doguinho, vamos dançar!

* Eu e Fernanda, lá pelo meio da noite, capitulamos: precisávamos mijar. Na fila do banheiro químico ouvíamos as meninas que saíam dizendo que era grave a crise: tava imundo, fedorentérrimo e com lama até a canela. Que perspectiva para nosso primeiro xixi de 2007, hein? Nisso chega Amiga e apresenta o Plano B: vamos pro matinho.

Fomos pra trás de um caminhão ou sei lá o que, mas havia holofotes e váááários soldados. Ui, nunca mijei com tanta segurança! Até tentamos convencer os digníssimos representantes das forças armadas a virar de costas, mas nem todos se sensibilizaram. Já tava me preparando psicologicamente pra mijar no coturno dos brutos quando Amiga apresenta outra proposta: olha aquele arbusto na beira do mar. Yes.

Nosso primeiro xixi de 2007 foi agachada atrás de um arbusto, com as outras duas fazendo paredinha. Eu não fazia xixi fora de instalações sanitárias adequadas há muitos anos.

* Dançando até o chão, no "glamurosa, rainha do funk", eu e Paula nos empolgamos e quase quenão conseguimos subir. "Aí meu joelho", "Aí minha perna". Pois é, devemos nos conscientizar que somos glaurosas rainhas do funk, mas jovens senhoras.

* Com a chuva a grama virou atoleiro. Tamos indo de uma tenda pra outra e Fernanda, de sandalhota rasteira doirada como a minha avisa "puta que pariu, patolei o pé na lama". Já era tarde, eu tinha patolado em seguida. Lá se foi minha linda sandalhota em cetim doirado e fivela de strass. Pelo menos a da Fernanda era de couro, talvez tenha salvação.

* Certo momento da noite palhacinho até bonitinho chega em mim. Era pequeno, mas bem acabado. Moreninho, do meu tamanho, de bata branca... dava um caldo. Bom, eu tava bêbada mesmo e confesso que meu senso crítico estava prejudicado. Ele queria conversar. Tagarelava muito e eu não entendia muito bem tudo que o bruto falava. Tá, sou meio surda quando tô bêbada (o primeiro que disser pau no cu do surdo toma uma porrada, hein).

Continuando, ele perguntou onde eu morava, o que eu queria pra 2007 e sei lá mais o que. Atrás as meninas faziam caretas, umas mandando eu agarrar logo o bruto e outras dizendo pra eu mandar ele embora. Era educadinho, perguntou se eu tinha preconceito com homens mais novos. Magina, neném. Disse que se formava em Economia na PUC ano que vem, mas não falou a idade. Aí o momento fatídico: perguntou o que eu fazia da vida. Cheguei a ensaiar a cara de pau pra dizer "eu vendo avon", mas ele era tão tchtchuquinho que, idiota que sou, fiquei com pena e falei a verdade. Ele me xingou e foi embora. Tá, depois conto essa no HTP. Foi o primeiro palhaço de 2007.

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