terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Alívio

Sabe, eu tava meio em crise me achando gorda. Tinha dado uma melhorada quando fui me arrumar porque a camiseta vermelha 'M' que tinha comprado pra usar no Natal e ficou meio larga, deveria ter comprado 'P'. A blusa da amiguinha foi o alívio que eu faltava!

A crise foi detonada semana passada. Tava indo pro trabalho com um vestido azul lindo, lindo. Tô indo pro ponto do ônibus e, ao me ver passar, um camelô com uma bandeja de tubos de cola superbonder na mão parou de gritar "ô a supebondi" e exclamou "Que mulherão!". Fiquei arrasada. Todo mundo sabe que pobre gosta de mulher portentosa, cheia de carne. Se o vendedor de supebondi tá me achando um mulherão é porque tô gorda!

Liguei pra Nara pra contar. Ela deu uma gargalhada e encerrou o assunto "É grave a crise, filha! Fecha a boca!". Ela sempre diz que a gente sabe quando tá gorda quando passa e os porteiros da rua viram a cabeça pra nos olhar.

Para piorar quando cheguei no trabalho encontrei com um chefe que voltava de férias na copa. O tosco sem noção me olha de vestido e diz "Você tá grávida mesmo, né?". "Não, não tô grávida não, talvez um pouco acima do peso". Tá, tá certo que sei que ele é quase um imbecil, tosco e sem noção que acha que somente grávidas usam um vestido justo no busto, com uma pala abaixo e solto até os joelhos. Ele não sabe nem repara que "está na moda" e há quilos de vestidos desses circulando pelas ruas. Tá, sei disso tudo, mas que fiquei puta fiquei. Contei pras cálega de repartição e elas tudo se solidarizaram "não acredito que ele disse isso! que um idiota!".

Mas tem nada não, viu ô camelô de superbondi, viu ô tosco sem noção, a blusa da amiguinha ficou ótema em mim! Gorda é a mãe de vocês, aquela velha podre!

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