quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Humilhação, teu nome é Roberta
Domingo desses fui dar um passeio na orla com Nara. O dia tava bonito, mas ela não tava com astral pra areia, então fomos dar pinta na pista interditada. Tamos lá, caminhando e falando mal não lembro de quem e ela me cutuca. "Teu namorado veio te ver", disse mostrando um grupo no calçadão.

– Noooooossa, ele embarangou mermo, né? Foda, cara, ele é muito junkie. A Ana Paula me contou que outro dia tava chegando no trabalho, meio de semana, 8h da manhã e ele tava completamente bêbado, aos gritos na rua com um copo de uísque na mão. Cena grotesca. Uma lástima porque ele é um pirocudo gostoso – concluo com pesar e olho pra Nara, que tá com cara de quem não tá entendendo nada.
– De quem você tá falando?!
– De fulano, oras. Você não mostrou como ele tá um tribufu?
– Caralhos! Tu pegou mermo aquele cara?! Puta que pariu! Abafa o caso, filha!
– Porra, pensei que tu lembrava e tava me zoando.
– A-b-a-f-a o caso filha, tem mó tempão, quase ninguém lembra.

Porra, era sacanagem e eu me entreguei. O bruto dobrou de tamanho, tá um porco gordo, com um cabelo sem classificação, olheiras que vão até os pés, roupas mal ajambradas. Nem sei o que tava fazendo na praia. Mas é verdade, tive um rolo com ele por alguns meses. Era um bom rolo. A gente freqüentava os mesmos buracos sórdidos, então sempre nos esbarrávamos pela noite e sempre que nos encontrávamos rolava sexo. Não chegava a ser um pau amigo porque nós raramente nos telefonamos, era sexo casual mesmo, mas do bom: sem culpa nem conseqüências e ainda éramos relativamente amigos.

Assim foi até o dia que encontrei com ele numa festa e, já bêbada, fui falar com ele cheia de ótimas intenções. Não sei que tipo de substâncias entorpecentes o bruto tinha feito uso, mas mal cheguei toda toda ele mandou na minha lata que tava querendo ser pai e que nossos filhos seriam lindos, muito latino-americanos. Fiquei sóbria na hora e vazei. Tenho pavor de palhaço com sanha reprodutora.

Um outro dia tava lamentando a perda com a Ana Paula e ela me fez ver o caso de outra maneira: "Filha, esquece, do jeito que ele bebe já deve estar brocha". É, pensando bem faz sentido.

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