quarta-feira, 18 de maio de 2005

Falar em telemarketing
Hoje fui acordada por ligação deles. Tava dormindo e ouvi o telefone tocar ao longe. Daqui a pouco minha irmã me cutuca. "Telefone pra você, é a Aline". Como tenho no mínimo duas amigas com ese nome levantei pra atender.

Era a Aline Gama, pelo menos ela disse que era, seja lá quem for. No começo não tava entendendo bem. Sentei no sofá meio dormindo com o telefone segurando o telefone com o ombro. "Bom dia senhora Roberta. Estou lhe telefonando para lhe oferecer uma maneira melhor da senhora pagar sua fatura de cartão de crédito". Hein? Como assim? "Não, é engano. Minha fatura tá em dia, tá no débito automático, nem vejo sair".

Não, não era isso, Aline queria me oferecer outro cartão de crédito. Como ela não falava que ia estar me ofereceeeendo um promoção que eu não ia poder estar perdendo, o que mereceria a resposta "já perdi", resolvi ouvir a moça. Pobre Aline. Para ganhar a vida ela precisa tentar me convencer a fazer outro cartão de crédito que eu nao solicitei, que não é vinculado ao meu banco (logo não vai me dar desconto na tarifa) e cuja anuidade é 5 vezes maior do que a que eu pago.

– Não estou interessada. Tenho esse cartão há anos, meu limite é muito maior do que eu posso gastar, é do banco onde tenho conta há 10 anos, a anuidade custa uma merreca....
– A senhora pode estar concorrendo a prêmios – Não, gerúndio não! Assim eu desligo!
– Aline, o meu cartão já tem essas premiações e eu nunca me inscrevo pq não acredito em sorteios.
– Mas suas compras valem pontos que a senhora pode acumular para trocar por prêmios ou pela sua anuidade do ano que vem.
– Aline, sei como isso funciona. Cada R$ 10 reais gastos valem 1 ponto e uma concha de feijão custa 5 mil pontos. Se eu quiser uma concha de feijão vou na Casa&Vídeo, compro por R$10 e anda pago com o cartão que já tenho.

Aline tentou argumentar que embora meu cartão já fosse internacional, o dela poderia ter 2 bandeiras (pra que se o meu nunca foi recusado?), que eu poderia ter um cartão adicional com anuuidade gratuita (pra minha família me endividar?) e sei lá mais o que.

Aline era dura na queda, coitada, assim como eu tem que pagar as contas, né? Bom, mas minha paciência e boa educação têm limites. Assim que ela deu uma brecha e calou a boca por um instante sentenciei "Não estou interessada no momento, se no futuro eu quiser um cartão entro emcontato com vocês. Obrigada e tchau". É Aline, não foi dessa vez.

Vocês devem estar pensando pq dei tanta trela pra Aline Gama. Pois é, acontece que ela acabou me fazendo um favor. Se continuasse dormindo ia me atrasar e ela ligou bem na hora pra interromper um pesadelo com baratas voadoras. Depois desses obséquios eu devia um pouco de atenção à Aline, que nem sequer falava que "ia estar fazendo". Além do mais há muito eu não falava com uma operadora de telemarketing e fiquei curiosa sobre como anda a abordagem. Normalmente digo que "Dona Roberta viajou e só volta daqui a três meses. Não, não sou parente. Sou a empregada da casa e não adianta deixar recado pq não sei escrever".

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