quinta-feira, 4 de setembro de 2003

Diga sim às drogas e não a jesus
Tava indo pro trabalho e entraram uns cara dizendo q são de uma entidade de reabilitação de drogados q se mantém apenas com os recursos obtidos através da venda de canetas em ônibus. Q eles já estavam curados e trabalhavam nisso, não pelo comércio das canetas, mas pra angariar fundos pra causa. Caguei. Não quero ajudar ninguém.
No pacotinho com as 2 canetas q ele queria me vender por sei lá qnto tinha um panfletinho com o endereço da suposta instituição, uma lenga-lenga qq e a frase 'Diga não as drogas e sim a Jesus'.
Lamento amigo, não vou poder comprar sua tralha pq sou da facção sim às drogas e não a jesus. Poupei ele de ouvir isso, afinal o dia tava azul.

Cadê a logomarca?
Mas tá lá o carinha tagarelando sobre a necessidade de se ajudar a 'obra' e um velhote um banco a minha frente do outro lado do corredor interrompe.
– As canetas têm a sua logomarca?
– Hein?
– As canetas q vc tá vendendo, elas estão com a logomarca da instituição impressa? Pq eu faço isso!

Diz desdobrando um papel enorme com modelos de canetas. O velhote safado tava querendo arregimentar o ex-drogado vendedor de canetas pro seu rol de clientes.
– Não, a gente compra na fábrica, coloca no saquinho com o papel e grampeia.
– Mas se vc fizer com a logomarca fica muito melhor!

O garoto não gosta muito, recolhe as canetas e se manda.

Vendi 2 canetas pro Romário!
Os garotos ex-drogados atuais malas de ônibus descem, só q o velhote estampador de canetas já tinha se animado. Fudeu. Ele começa a discorrer sobre a arte e o lucro de se imprimir logomarcas em canetas. Como ninguém tá interessado ele fala olhando pro trocador, q meio sem graça e sem opção vai balançando a cabeça.
– Vc imprime aqui a logomarca - diz apontando pra bunda da caneta - fiz 30 mil praquele negócio de criança da Rede Globo. É...é...é....criança esperança.
Trocador abana a cabeça como quem diz 'q coisa, hein?'. Mas não diz nada. Provavelmente, assim como eu, ele queria dizer 'cala da boca, velho podre'.
– Vendi 2 canetas pro Romário. Foi R$ 1,2!
Nesse ponto da história desliguei. Não dava. Fiquei observando os sapatos das pessos na rua e pensando na entrevista pra uma matéria bunda q eu tinha q fazer.

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